A Geografia Sagrada do Candomblé: Recriando a África em Território Brasileiro
Bem-vindo! Este blog funciona como um acervo pessoal, onde reúno tudo que me interessa na internet. É o meu espaço para organizar e não perder de vista as coisas que curto. Se algum dos assuntos por aqui chamou sua atenção, é provável que tenhamos afinidades. Fique à vontade para sugerir novas ideias e conteúdos!
Dentro do Candomblé, a Nação Ketu é uma das mais tradicionais e suas proibições (euós/quizilas) são as mais conhecidas e estudadas. Conhecer a nação permite uma descrição mais precisa das práticas comuns.
No entanto, é importante reforçar que mesmo dentro da Nação Ketu, os euós podem ter pequenas variações dependendo do caminho ou qualidade do Orixá e da linhagem do terreiro.
É fundamental, no entanto, que fique muito claro para você leitor(a) que a lista a seguir não é definitiva e que as proibições variam de acordo com a nação e o caminho do Orixá, além da orientação do zelador(a) do terreiro.
A ideia aqui é mostrar a diversidade e a lógica por trás das quizilas, e não servir como um manual de regras.
Oxalá (Senhor da Paz e da Criação): Seus filhos evitam o azeite-de-dendê, pois sua energia é oposta à suavidade e pureza de Oxalá. Também evitam roupas escuras e ambientes com barulho excessivo, mantendo a serenidade do Orixá.
Ogum (Senhor da Guerra e do Ferro): A ele é associado o ferro, as estradas e o trabalho. Uma quizila comum para seus filhos é não comer quiabo, mas essa proibição pode variar. Também evitam confusão e desordem, pois Ogum é a ordem.
Iemanjá (Mãe das Águas Salgadas): Símbolo de maternidade e do mar. Seus filhos geralmente evitam o consumo de sal em excesso e de bebidas alcoólicas. A quizila do sal, em particular, visa proteger a doçura e a calma das águas de Iemanjá.
Xangô (Senhor da Justiça e do Trovão): Representa a lei e a força. A quizila do quiabo também é comum para seus filhos, e está relacionada à sua energia de calor e poder.
Oxum (Senhora da Doçura e das Águas Doces): Deusa da beleza, do amor e da riqueza. Uma quizila conhecida é o consumo de dendê, que é uma energia densa demais para a fluidez de Oxum.
Iansã (Senhora dos Ventos e das Tempestades): Guerreira e dona dos ventos. Suas quizilas comuns estão relacionadas a comidas como abóbora, que não devem ser consumidas, e a vestimentas que não devem ser vermelhas, a depender do seu caminho.
Oxóssi (Senhor da Caça e da Fartura): Orixá da mata, da fartura e da caça. Por ser o caçador, a ele está ligada a quizila do dendê, uma energia que não se alinha com a leveza e a agilidade de Oxóssi na floresta.
Exu (Senhor dos Caminhos e da Comunicação): Sendo a energia do movimento, Exu é muito flexível. Suas quizilas comuns incluem a pimenta e a bebida alcóolica forte. Seus filhos também costumam evitar o alho e as comidas sem tempero.
Ossain (Orixá das Folhas e da Cura): Senhor das folhas e dos segredos da natureza. As quizilas de seus filhos são muito específicas, ligadas a plantas e frutos. Evitam o sal e se alimentam com comidas mais leves e saudáveis. Também evitam ambientes com cheiros fortes ou artificiais.
Oxumarê (Senhor do Arco-Íris e do Movimento Contínuo): Representa a dualidade e a renovação. Suas quizilas são estritamente ligadas ao sal, ao consumo de certas carnes e a comportamentos que não se alinham com o ciclo da natureza.
Obá (Senhora das Águas Revoltas e da Luta): Uma Orixá guerreira. Suas quizilas comuns incluem o dendê e a galinha, devido à sua história. Ela também evita a falsidade e a desonestidade.
Xapanã / Obaluaiê (Senhor da Cura e da Morte): Conhecido por curar as doenças, ele tem uma forte quizila com o sal e com comidas que ferem a saúde, pois sua energia está ligada à purificação. Também evitam o atrito e a briga.
Nanã (Senhora da Criação e da Lama): A grande mãe ancestral. Suas quizilas estão ligadas a comportamentos agitados ou a comidas que "queimam", como a pimenta. A calma e a paciência são essenciais para seus filhos. (a quizila de Nanã Buruquê em relação aos metais e, por consequência, a Ogum.) » clique aqui para ler
Omulu (Orixá da Terra e da Morte): Filho de Nanã e Xapanã. Suas quizilas são parecidas com as de seus pais, evitando comidas que não são puras ou que fermentam. Seus filhos têm quizila com o sal e com a falta de respeito com a natureza.
Logun-Edé (Orixá Jovem da Caça e da Pesca): É o Orixá da dualidade, pois passa seis meses no mato com seu pai (Oxóssi) e seis meses na água com sua mãe (Oxum). Suas quizilas misturam as de ambos, evitando o dendê e o mel, mas também não podem comer certos peixes ou alimentos relacionados a Oxum.
Ibejis (Divindades Gêmeas da Alegria): Representam a alegria e a dualidade. Suas quizilas são muito ligadas a comportamentos que representam a falta de harmonia e de brincadeira, como a tristeza excessiva e a falta de doçura.
Orunmilá (Senhor do Destino e do Conhecimento): O grande oráculo do destino. Sua quizila principal é o dendê, pois ele não se alinha com a sabedoria e a leveza de seu propósito.
Ajé Salunga (Senhora da Riqueza e da Prosperidade): Orixá da riqueza e do dinheiro. Suas quizilas são relacionadas à avareza e ao desperdício, pois ela valoriza a prosperidade e o uso consciente dos recursos.
Onilé (Senhora da Terra e da Vida): Orixá feminino que representa a terra. Suas quizilas estão ligadas a comportamentos que desrespeitam a natureza e o solo sagrado.
Irôko (Orixá da Árvore e do Tempo): Conhecido como a árvore sagrada do tempo. Suas quizilas são ligadas a comportamentos que demonstram falta de paciência e a não valorização do tempo, como a pressa excessiva.
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